segunda-feira, 4 de abril de 2016

Room, de Lenny Abrahamson


Um dos textos mais conhecidos de Platão é a Alegoria da Caverna. Nele dois homens viraram sempre acorrentados numa caverna, e passam os dias a olhar para uma parede no fundo da caverna. Nessa parede são projetadas sombras de estátuas representando pessoas, animais, plantas e objetos, mostrando cenas e situações do dia-a-dia. Um dia um deles consegue fugir e fica fascinado com o mundo real, volta para contar ao companheiro e para o libertar mas este não acredita e prefere ver o mundo como sempre o imaginou. 
Neste filme passa-se algo idêntico. Jack sempre viveu confinado a um quarto com a sua mãe, que foi raptada quando tinha apenas 17 anos e aprisionada na quele pequeno espaço. O mundo para Jack está dentro daquelas 4 paredes, é a cama, o lavatório, a retrete, o frigorífico e o céu que observa através de uma pequena abertura. Quando Jack faz 5 anos a mãe decide que é altura de tentarem a fuga e começa a explicar ao filho que há um mundo imenso por explorar fora daquelas 4 paredes. Jack consegue escapar e a sua fuga também ajuda a que a mãe seja resgatada. 
E a partir deste momento temos a sensação de que entramos num outro filme. Se a primeira parte se centra naquele pequeno espaço e na intimidade e cumplicidade entre mãe e filho, com cenas de alguma tensão num ambiente claustrofóbico, a partir daqui acompanhamos a forma como ambos vão lidar com este novo mundo e esta parte não tem tanta intensidade como a primeira aproximando-se mais do registo lamechas a tentar puxar uma lágrima do espectador. 
Room estava nomeado para 4 Oscars da Academia, acabando por Brie Larson receber a estatueta de Melhor Actriz no papel de Joy, a mãe. Jacob Tremblay, agora com 10 anos, também está excelente como Jack, num filme que conta ainda com interpretações de William H. Macy e Joan Allen como os pais de Joy e Sean Bridgers como o raptor e pai de Jack.

NOTA: 7/10

Sem comentários: